Hérnia Discal Lombar
O Que é?
A coluna é composta por vários ossos unidos, as vértebras. O disco intervertebral é uma combinação de tecido conjuntivo resistente que adere a duas vértebras e atua como amortecedor entre elas. O disco intervertebral é formado por um revestimento duro, o anel fibroso, com um centro gelatinoso, o núcleo pulposo. Com o envelhecendo, o disco vai perdendo o conteúdo aquoso diminuindo e a capacidade de amortecer.
Um disco desidratado é mais sujeito a lesões e, com certos movimentos ou esforços, podem aparecer “rasgões” ou fissuras no disco, que são zonas de fragilidade. Estas lesões podem evoluir e aumentar de tamanho, e por vezes uma parte do centro gelatinoso do disco pode escapar por uma fissura da capa externa – ânulo fibroso.
É este o processo de formação de uma hérnia discal e associa-se tipicamente a dor no local do disco, que se manifesta como uma dor nas costas. A maioria das hérnias discais ocorre nos discos inferiores da coluna lombar (que suportam o peso de toda a coluna acima deles).
Uma hérnia discal lombar pode exercer pressão nos nervos que se originam na coluna e causar dor, dormência, formigueiro ou fraqueza nas pernas, a isto chama-se ciática. A dor ciática é uma dor ao longo do trajeto do nervo ciático e que afeta aproximadamente entre 1 a 2% da população e habitualmente entre os 30 e 50 anos.
Como se diagnostica?
Ao exame físico o doente normalmente apresenta dor ao elevar a perna esticada, o que prova ser ciática e possivelmente fraqueza muscular, adormecimento ou alterações dos reflexos. São realizados exames de imagem nomeadamente a ressonância magnética (RM), TAC, que mostram claramente compressão nervosa. O estudo radiológico clássico – rx em carga com provas dinâmicas é importante na avaliação da estabilidade da coluna na possível adequação do tratamento cirúrgico
Se todos os resultados forem positivos, tudo aponta no sentido da compressão nervosa.
Que tratamentos existem?
A maioria dos pacientes (80 a 90%) com hérnia discal lombar aguda melhora sem cirurgia num período de 8 a 12 semanas. O tratamento é inicialmente não cirúrgico. No entanto, se a dor impedir as atividades diárias do doente com dor intratável ou se estiver associada a défices neurológicos pode ter indicação para cirurgia no imediato.
Tratamento não cirúrgico
Os tratamentos não cirúrgicos incluem um período curto de descanso, anti-inflamatórios para diminuir o edema, analgésicos para controlar a dor, fisioterapia, exercício ou infiltrações. Se for recomendado repouso deve ser cumprido corretamente. Um repouso demasiado prolongado pode provocar rigidez articular e debilitar os músculos, o que irá dificultar a reabilitação e recuperação.
Ao iniciar o tratamento pode, com a ajuda de um enfermeiro ou fisioterapeuta, arranjar estratégias para conseguir realizar as tarefas diárias sem exercer demasiado esforço nas costas.
Os objetivos do tratamento não cirúrgico são reduzir a irritação do nervo e do disco intervertebral (e dessa forma melhorar a dor), melhorar o estado físico do doente de forma a proteger a coluna e melhorar a sua função geral
O treino físico pode começar imediatamente e ser modificado à medida que avance a recuperação. A aprendizagem e a continuidade do programa de exercícios e alongamentos em casa são muito importantes.
Tratamento cirúrgico
O objetivo da cirurgia é fazer com que a hérnia discal deixe de comprimir e irritar os nervos. O procedimento mais comum é a discectomia clássica, que remove a hérnia discal. O nosso grupo tem preferência e experiência em procedimentos minimamente invasivos – MISS (Minimal Invasive Spinal Surgery) permitindo realizar uma incisão mais pequena, menor dano das estruturas musculares e uma recuperação mais rápida no curto prazo e a longo prazo uma maior preservações dos tecidos que envolvem e suportam a coluna vertebral.
Em determinados casos, se a hérnia discal lombar estiver associada a alterações degenerativas e instabilidade da coluna lombar pode ser necessária a realização de artrodese da coluna lombar (uma cirurgia de fixação da coluna).
O que esperar depois da cirurgia?
Os resultados da cirurgia de hérnia discal lombar são muito satisfatórios (acima de 90% de sucesso) e com riscos anestésico-cirúrgicos reduzidos.
O disco todavia pode voltar a romper e causar sintomas – o que se designa por recidiva de hérnia discal lombar – o que ocorre em cerca de 5% dos doentes.
A maioria dos doentes regressa a casa 24 horas depois da cirurgia.
Uma vez em casa, durante as primeiras duas a quatro semanas deve evitar conduzir, permanecer sentado durante longos períodos, levantar pesos e inclinar-se para a frente. Alguns doentes obterão benefícios com um programa de reabilitação supervisionado depois da cirurgia.
Será necessária cirurgia de urgência?
Em casos raros, uma hérnia discal grande pode exercer pressão sobre os nervos que controlam a bexiga e os intestinos, provocando a perda de controlo sobre eles e causando incontinência – síndrome da cauda equina. Isto apenas acontece em associação com adormecimento e formigueiro na virilha e na zona genital. Estes são dos poucos indicadores de que é necessário cirurgia imediata.
Caso ocorra deve procurar atendimento urgente.