Correção Escoliose Idiopática do Adolescente
O Que é?
A escoliose é uma deformidade da coluna em um ou mais planos. A deformidade mais visível é no plano frontal, apresentando a coluna uma forma de S.
As escolioses idiopáticas significam que não têm causa bem estabelecida para a sua origem e representam 80 % das escolioses. As escolioses idiopáticas apresentam uma etiologia multifatorial sendo que 30 % dos pacientes com escolioses têm antecedentes familiares.
O pico de incidência ocorre na pré-puberdade altura em que a taxa de crescimento ósseo é máxima. A relação de género é de 8 pacientes do género feminino por cada paciente do género masculino. De forma global cerca de 2% dos adolescentes apresentam escoliose.
Destes jovens que apresentam escoliose apenas 5% pode necessitar de tratamento cirúrgico.
As curvas que apresentam progressão das curvas para além dos 45 a 50 graus, com ou sem órtese, geralmente requerem intervenção cirúrgica. A altura certa para a cirurgia é o mais perto do final do crescimento ósseo possível por forma a permitir o melhor desenvolvimento possível da coluna e prevenir algumas complicações da fixação da coluna em idades mais precoces. Após diagnóstico de escoliose e enquanto se aguarda a altura ideal para cirurgia do ponto de vista de maturidade óssea é necessário um seguimento próximo e regular, mesmo nos casos em que já está definida à partida a possibilidade de tratamento cirúrgico. Por vezes é usado uma ortótese (colete) durante o crescimento ósseo para diminuir a taxa de progressão da deformidade.
Técnica Cirúrgica
O tipo mais comum de cirurgia é uma correção de escoliose por via posterior com instrumentação (parafusos, barras, ganchos, fitas). Em casos selecionados pode ser feita a correção apenas por uma via anterior ou casos mais complexos e deformidades mais severas pode ser necessário uma abordagem anterior e posterior.
O procedimento consiste numa incisão na região da deformidade da coluna centrada nas vértebras que no estudo pré-operatório foram determinadas como vértebras a instrumentar. Este estudo pré-operatório é fundamental para uma correta correção da deformidade e para conseguir a fixação do menor número de vértebras possível e assim bloquear o movimento do menor número de vértebras possível.
Após uma disseção por planos são colocados os parafusos nos pedículos das vértebras.
O posicionamento correto dos parafusos é confirmado por Rx e por controlo sensitivo-motor através dos potenciais evocados.
Após colocação das barras é efetuada a manobra de redução da deformidade sendo que este é o passo mais crítico da correção. É fundamental aqui o apoio dos técnicos de neuromonitorização que dão informação em tempo real do correto funcionamento da medula espinal e das raízes nervosas que saem da coluna. Se apresentar alguma alteração nos potenciais pode ser necessário diminuir o grau de correção ou mesmo ter de remover todo o material e abortar cirurgia. Estas alterações nos potenciais podem ocorrer nas primeiras horas após término da cirurgia pelo que nestes procedimentos é necessária uma vigilância apertada.
Após concluída a correção da deformidade é colocado o enxerto ósseo que vai permitir a fusão correta das vértebras fundidas.
Pós-operatório:
O pós-operatório imediato, cerca de 48h, é passado geralmente numa unidade de cuidados intermédios para uma vigilância neurológica apertada, bem como, para controlo ótimo da dor e das perdas hemáticas. Após este período o paciente passa para o quarto de internamento onde inicia o processo de reabilitação.
A alta para domicílio normalmente ocorre ao 5º – 7º dia.
Rx pós-operatório imediato. Correção de mais de 50 % da curvatura.
Recuperação
Após a alta para domicílio é importante iniciar o programa de reabilitação definido e de acordo com a tolerância de dor.
Pode retomar a escola por volta das 3-4 semanas.
A atividade física suave – piscina e exercícios físicos de baixa impacto podem iniciar por volta dos 3 meses.
A atividade física sem restrições pode ser retomada após consolidação completa das vértebras fundidas, cerca dos 6-9 meses.
Resultados
A cirurgia de correção de escoliose geralmente produz resultados muito bons, com uma taxa de correção entre 60% e 100%, dependendo da flexibilidade e localização da curva. Os jovens, que normalmente são saudáveis, tendem a tolerar muito bem a cirurgia. A fusão da coluna resulta em alguma perda na amplitude de movimento sendo que a diminuição da mobilidade depende da seção da coluna corrigida e do número de vértebras fundidas.
A nível dos resultados estéticos a cirurgia permite:
• Uma coluna equilibrada
• Ombros nivelados
• Redução da giba dorsal (“corcunda”)
Complicações
As complicações são raras e as principais são infeção e lesões neurológicas. No entanto, várias precauções são tomadas durante a cirurgia para proteger o paciente, incluindo a administração de antibióticos durante a cirurgia para ajudar a proteger contra infeções e monitorização contínua da função sensorial e motora da medula espinhal.