Correção de Deformidade de Coluna do Adulto
O Que é?
O tratamento das deformidades de coluna no adulto é um tema muito complexo, vasto e com múltiplas variáveis que vão influenciar a abordagem deste tipo de pacientes.
De uma forma generalizada o tratamento cirúrgico das deformidades da coluna está indicado sempre que houver falência do tratamento conservador e deterioração progressiva da qualidade de vida. A indicação cirúrgica está também relacionada com a progressão da deformidade e com a existência de compressão radicular, provocando dor irradiada aos membros inferiores, dormência ou falta de força.
O tratamento cirúrgico consiste na descompressão radicular, na correção da deformidade e na estabilização da coluna vertebral.
Objetivos
O primeiro objetivo da cirurgia é garantir a descompressão das estruturas neurológicas quer de forma direta, através de uma laminectomia ou foraminectomia, quer de forma indireta, através da correção das deformidades.
O segundo objetivo é a correção da deformidade de forma a obter um alinhamento sagital e coronal equilibrado e assim conseguir uma estabilidade da coluna e o menor esforço mecânico e físico. Esta correção pode ser alcançada através de várias técnicas conforme a idade do doente, a qualidade do osso e o tipo de deformidade. No caso da deformidade do adulto deve ser feita a correção utilizando todos meios possíveis: alinhando e aumentando a altura dos espaços discais, fazendo osteotomias (“correções”) na vértebras por forma a permitir o melhor alinhamento e equilíbrio do tronco vertebra.
Por fim, o terceiro objetivo será estabilizar a coluna e promover a fusão óssea intervertebral. A estabilização da coluna é feita com parafusos pediculares. A fusão óssea intervertebral promove-se com a colocação de enxerto ósseo ou substituto ósseo sintético. A fixação é habitualmente extensa e deve incluir uma fixação nos ossos ilíacos para evitar complicações na charneira lombossagrada.
O tempo de internamento médio para esta intervenção é de 4 a 7 dias.
Complicações
A cirurgia das deformidades é um procedimento extenso e pode demorar em média 4 a 6 horas. As perdas sanguíneas podem ser elevadas e, habitualmente, são necessárias transfusões sanguíneas. As principais complicações estão relacionadas com a descompressão do canal raquidiano e das estruturas neurológicas e com a colocação das próteses: laceração da dura-máter, laceração ou compressão de raízes nervosas e contusão medular.
Nas manobras de osteotomia é necessário estar particularmente atento à posição das raízes nervosas para evitar a sua lesão ou compressão. Nestas cirurgias muitas vezes é necessário o apoio de técnicos de neurofisiologia para neuromonitorização contínua da função de medular e das raízes nervosas por forma a diminuir o risco de lesões nervosas.
A colocação de forma inadequada das próteses, parafusos pediculares e espaçadores intersomáticos, pode provocar laceração ou contusão das raízes nervosas ou comprometer a estabilidade que se pretendia alcançar.
Evolução
O tempo médio de recuperação deste tipo de intervenções é 6-9 meses. É importante a realização de um processo de reabilitação faseado desde o internamento e continuação em ambulatório.
Os resultados esperados do tratamento cirúrgico da deformidade são a melhoria da postura e do equilíbrio na posição ortostática e durante a marcha permitindo o alívio da dor lombar e dos sintomas relacionados com o compromisso neurológico, a dor e dormência dos membros inferiores.
É importante o seguimento continuo destes paciente para avaliar a fusão óssea e deteção precoce de falhas na consolidação ou falência da instrumentação que possam necessitar de re-intervenção.
A evidência científica mostra que com os conhecimentos adquiridos ao longo dos tempos, através da inovação técnica, cirúrgica e anestésica, através da melhoria dos cuidados pós-operatórios, os pacientes submetidos a este tipo de cirurgias apresentam uma recuperação cada vez mais precoce conseguindo um grande ganho de qualidade de vida com uma minimização dos riscos.